16 de março de 2015

Indignação seletiva dá as caras neste 15 de março

Mais uma vez, neste domingo dia 15 de março, ficou comprovada a indignação seletiva de muitas pessoas em relação à corrupção na política brasileira. Mais de um milhão de pessoas (segundo informações divulgas pela grande imprensa) foram às ruas protestar contra a corrupção do governo do Partido dos Trabalhadores em todo país.
 
Alguns grupos, mais radicais, reivindicavam a intervenção militar e o impeachment da presidente Dilma Rousseff – eleita democraticamente em outubro do ano passado com 51, 64% dos votos frente a Aécio Neves, que teve 48,36% dos sufrágios. Uma diferença de 3,4 milhões de eleitores.
 
Por outro lado, muitos que foram às ruas neste domingo estavam apenas protestando contra o esquema de corrupção na Petrobras, contra as atuais medidas trabalhistas adotadas pelo governo Federal, contra o aumento dos impostos e contra a atual política econômica. Não eram todos que defendiam o golpe e o retorno da ditadura militar.
 
Porém, é necessário que se faça uma observação. De acordo com a Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1,5 milhão de pessoas que foram às ruas para protestar neste domingo. Segundo dados divulgados pelo Datafolha, foram 210 mil.
 
Independente da veracidade destes números, uma coisa ficou evidente... O protesto que se dizia apartidário e apolítico demonstrou total parcialidade diante dos problemas enfrentados pela população.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra o caso SwissLeaks, que envolve cerca de 9 mil brasileiros que sonegaram impostos por intermédio de contas ocultas na Suíça através do banco HSBC.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra a corrupção no caso de cartel do Metrô de São Paulo, envolvendo as administrações tucanas no governo paulista há mais de vinte anos.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra a lista de Furnas, cujo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolve políticos do PSDB e do antigo PFL nas eleições de 2002.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra a falta d’água na região metropolitana de São Paulo e contra a péssima administração da SABESP.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra o sucateamento do ensino público estadual, que, há mais de 20 anos, condena nossa Juventude à marginalização.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra os altos preços dos pedágios nas estradas paulistas. Onde os pedágios são responsáveis pelos preços mais altos do país.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra a sonegação de impostos das grandes empresas, como a Rede Globo de Televisão. De acordo com dados divulgados, a sonegação de impostos no Brasil superou a marca de R$ 415 bilhões no ano de 2013. Segundo a Rede Brasil Atual, o valor corresponde a aproximadamente a 10% de toda riqueza gerada no país.
 
Não houve registro de manifestantes protestando contra o alto índice de violência no estado de São Paulo, que, sobretudo, condena os jovens negros e pobres da periferia.
 
Portanto, essa história de que as manifestações deste 15 de março foram apartidárias e apolíticas, não cola. Houve uma grande mobilização da mídia conservadora em atacar o governo Federal, enquanto problemas de responsabilidade dos governos estaduais foram solenemente ignorados, principalmente em São Paulo.
 
Nós precisamos lutar pela Reforma Política e pela democratização dos meios de Comunicação no nosso país, caso contrário, essa manipulação da grande mídia irá continuar pautando as manifestações.