26 de novembro de 2014

PT de São Bernardo realiza debate internacional sobre conjuntura política

O diretório do Partido dos Trabalhadores de São Bernardo do Campo (PT-SBC) realizou debate internacional sobre conjuntura política na noite desta quarta-feira, 26. A atividade, que reuniu militantes do partido, sindicalistas do ABCD, representantes da Central Sindical Italiana CGIL e da organização não governamental (ONG) Nexus, teve como objetivo discutir a crise mundial e os problemas que afetam diretamente a vida da classe trabalhadora no Brasil, demais países da América Latina e Europa.
 
Brás Marinho, presidente do PT-SBC, agradeceu a presença de todos os companheiros e falou que este tipo de evento é “muito especial”. Em sua opinião, “nada melhor do que ouvir estes companheiros, sindicalistas, de esquerda, que sempre lutaram pelos direitos dos trabalhadores” para falar da visão da classe trabalhadora europeia.
 
O secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo e ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Tarcisio Secoli, considerou como “grande acerto” o convite para os italianos virem falar sobre o que acontece por lá.
 
“Nosso jornais e telejornais apresentam de forma muito superficial os problemas, as dificuldades e a luta dos trabalhadores italianos e estes companheiros estão organizando frentes importantes, greves. A luta deles é extremamente importante e nós temos que ter conhecimento”, declarou.
 
Sandra Pareschi, da ONG Nexus, fez uma breve introdução falando da visita realizada na sede da TVT, a TV dos Trabalhadores, e falou da questão dos interesses políticos de grande parte da imprensa brasileira.
 
“As notícias nunca estão do lado dos trabalhadores. A mídia esta nas mãos do grande capital, de famílias poderosas”, disse. E afirmou que também na Itália a imprensa menospreza a luta dos trabalhadores.
 
Pareschi fez uma análise do desemprego na Itália e traçou um paralelo com o Brasil. “Eu viajei o país de norte a sul e lembro como era o Pará, como era Porto Alegre, lembro como era tudo. Sei que o Brasil agora tem uma taxa de desemprego que é ridícula, baixíssima. E na Itália nós temos 10 pontos a mais de desemprego”, afirmou.
 
Giordano Giovannini, da CGIL, destacou a importância do debate por considerar que é importante ouvir como o Brasil mudou e cresceu nos anos de governo Lula e Dilma e falou das dificuldades enfrentadas no continente europeu.
 
“Hoje na Europa esta em discussão o padrão social. Não temos mais desenvolvimento. Atravessamos a crise há sete anos. E lá nós temos o problema da inflação abaixo de zero, que é muito sério. Porque a inflação abaixo de zero significa o não consumo, parada da produção, significa recessão. Não criamos mais postos de trabalho”, disse.
 
O segundo integrante da CGIL a participar da atividade foi Bruno Papignani. Papignani declarou que ao encontrar os companheiros brasileiros sentiu um entusiasmo que não existe por parte dos italianos e falou da crise que há anos existe na Itália. Em sua opinião, “este entusiasmo contribuiu para enfrentar os muitos problemas que existiam aqui no Brasil”.
 
“A crise que atravessamos na Itália é uma crise para pobres. Porque os ricos ficaram mais ricos. Ninguém esta fazendo política para mudar essa realidade. Pelo contrário, ela esta sendo alimentada”, declarou Papignani.
 
Papignani abordou o envolvimento dos sindicalistas brasileiros com partidos políticos e declarou que na Itália isso não ocorre como deveria, o que por sua vez enfraquece a luta sindical.
 
“Meu sindicato se declara politicamente independente. Temos nosso próprio programa e ultimamente não temos referência política”, analisou.
 
Por fim, Stéfano Maruca, também da CGIL, disse que o governo europeu e o parlamento da União Europeia (UE) não fazem nada além do que votar projetos de interesse do capital e das grandes corporações, para diminuir os direitos dos trabalhadores.
 
“A UE esta desmanchando o desenvolvimento social e as condições de trabalho. E este é um fenômeno mundial. A solução não pode ser achada de forma solitária. Temos que encontrar um jeito para aumentar a força da classe trabalhadora. Precisamos voltar a fazer uma solidariedade internacional e conquistar com políticas sociais mais dignidade para a vida das pessoas”, concluiu.